
Publicado em: 28/04/2023
Atualizado em:
Casos em que a sentença estrangeira não será homologada ocorrem quando a decisão proferida fora do Brasil viola a soberania nacional, afronta a ordem pública, não garante o contraditório ou descumpre requisitos formais exigidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para ter validade no país.
A homologação de sentença estrangeira é o procedimento que permite que uma decisão judicial de outro país produza efeitos no Brasil. Essa etapa é indispensável para que o conteúdo da sentença tenha validade jurídica interna, como em casos de cobrança de dívidas, divórcios, partilhas ou execuções.
Contudo, nem todas as sentenças obtêm a homologação. O STJ, responsável por esse procedimento conforme o artigo 105, inciso I, alínea “i”, da Constituição Federal, realiza uma análise rigorosa para garantir que a decisão estrangeira respeite os princípios fundamentais e as normas brasileiras.
Quais são os requisitos para homologar uma sentença estrangeira?
Para que uma sentença estrangeira seja homologada no Brasil, é necessário atender a requisitos formais e materiais previstos no artigo 963 do Código de Processo Civil e no Regimento Interno do STJ.
Os principais requisitos incluem:
- Existência de sentença definitiva: a decisão deve ser transitada em julgado no país de origem;
- Competência da autoridade estrangeira: o tribunal que proferiu a sentença deve ter jurisdição legítima;
- Regular citação das partes: o réu precisa ter sido devidamente citado no processo;
- Tradução juramentada: os documentos devem ser traduzidos oficialmente por tradutor público no Brasil.
O cumprimento rigoroso dessas exigências assegura que o pedido de homologação seja analisado de forma eficiente. Assim, o processo transcorre com maior agilidade e a decisão estrangeira pode produzir efeitos legais no Brasil com segurança jurídica.
Quais são os casos em que a sentença estrangeira não será homologada?
Existem situações específicas em que o STJ pode negar a homologação de uma sentença estrangeira. Essas hipóteses visam proteger os valores fundamentais do ordenamento jurídico brasileiro e impedir a execução de decisões contrárias à lei nacional.
| Motivo de indeferimento | Descrição | Fundamento jurídico |
| Ofensa à soberania nacional | Quando a sentença interfere em competências exclusivas do Estado brasileiro | Constituição Federal, artigo 21 |
| Violação à ordem pública | Decisões que afrontam direitos fundamentais ou princípios constitucionais | CPC, artigo 963, §5º |
| Ausência de citação válida | Quando o réu não foi citado adequadamente no processo estrangeiro | RISTJ, artigo 216-D |
| Sentença ainda recorrível | A decisão não pode ser provisória ou sujeita a recursos | CPC, artigo 963, I |
Essas situações demonstram que o STJ atua de forma cautelosa, evitando que decisões estrangeiras prejudiquem direitos fundamentais ou contrariem normas de interesse público brasileiro.
Quais erros devem ser evitados ao pedir a homologação?
Erros formais e documentais estão entre as principais causas de indeferimento pelo STJ. Uma análise prévia e cuidadosa da documentação é essencial para evitar retrabalho e garantir a validade do processo:
- Ausência de tradução juramentada: documentos em língua estrangeira precisam ser traduzidos oficialmente por tradutor público;
- Citação irregular da parte contrária: se o réu não for citado conforme as normas internacionais, o pedido será rejeitado;
- Sentença ainda sujeita a recurso: decisões provisórias não podem ser homologadas até o trânsito em julgado;
- Desrespeito à forma processual: falta de autenticação, ausência de procuração ou documentos ilegíveis inviabilizam o procedimento.
Evitar esses erros é essencial para que o STJ reconheça a validade da decisão estrangeira e permita sua execução no Brasil. A atenção aos detalhes processuais garante mais segurança jurídica e eficiência no trâmite de homologação.
O que acontece quando a sentença estrangeira não é homologada?
Quando o STJ indefere a homologação, a decisão estrangeira não tem qualquer efeito jurídico no Brasil. Isso significa que ela não pode ser executada, registrada ou usada como título judicial.
- O credor não poderá cobrar a dívida reconhecida no exterior;
- Casamentos ou divórcios decretados fora do país não terão validade interna;
- Sentenças penais ou trabalhistas estrangeiras não poderão ser cumpridas;
- Atos de registro civil dependerão de novo processo judicial no Brasil.
Nessas situações, o interessado pode corrigir os vícios apontados e reapresentar o pedido ao STJ. A revisão adequada da documentação e dos requisitos formais aumenta as chances de sucesso e evita novos indeferimentos no processo de homologação.
Empresa garante execução de sentença arbitral estrangeira no Brasil
Em um caso acompanhado pelo escritório Galvão & Silva Advocacia, uma empresa brasileira buscava executar no Brasil uma sentença arbitral estrangeira que reconhecia créditos milionários.
Nossa equipe reestruturou o processo, apresentou nova documentação e demonstrou a regularidade da citação conforme tratados internacionais reconhecidos pelo Brasil. Após análise do STJ, a homologação foi deferida, permitindo a execução dos valores em território nacional.
Esse caso reforça a importância de um acompanhamento técnico especializado em homologação de sentenças estrangeiras, área que exige domínio de tratados internacionais e normas processuais brasileiras.
Quais cuidados devem ser observados antes de solicitar a homologação?
Antes de apresentar o pedido ao STJ, é fundamental verificar se a sentença estrangeira cumpre todas as exigências formais e não viola princípios constitucionais. Um planejamento jurídico bem estruturado evita indeferimentos e atrasos processuais.
- Conferir a autenticidade e a integralidade da decisão estrangeira;
- Realizar tradução juramentada de todos os documentos;
- Comprovar o trânsito em julgado no país de origem;
- Verificar se não há conflito com normas de ordem pública brasileira.
Essas medidas asseguram que o pedido de homologação seja consistente, juridicamente correto e alinhado aos parâmetros exigidos pelo STJ. Com isso, a decisão estrangeira tem maiores chances de ser reconhecida e produzir efeitos legais no Brasil.
Como o escritório Galvão & Silva Advocacia pode te auxiliar na homologação de sentença estrangeira?
Contar com o apoio do escritório Galvão & Silva Advocacia é essencial para conduzir a homologação de sentença estrangeira com segurança jurídica. Nossa equipe analisa cada documento, assegurando que o pedido atenda aos requisitos exigidos pelo STJ.
Com atuação técnica e experiência consolidada, garantimos que o processo ocorra sem falhas, prevenindo indeferimentos e atrasos desnecessários. Trabalhamos com foco na conformidade legal e na efetividade do reconhecimento de decisões estrangeiras no Brasil.
Se você precisa de orientação em homologação internacional, entre em contato com o escritório. Conheça também nossas áreas de atuação, que abrangem Direito Internacional, Cível, Família, Empresarial e outras especialidades voltadas à proteção dos seus direitos.
Dra. Sofia Gonçalves de Souza
Advogada inscrita na OAB/DF 79.037, sou formada pela Universidade Católica de Brasília e especializada em Direito Internacional Contemporâneo. Possuo mais de 4 anos de atuação estratégica na área, com experiência em documentações multilíngues (inglês, espanhol, francês e italiano) e contratos internacionais. Sou especialista em contratos pela Harvard Law School, e atuo como palestrante e escritora, […]

Galvão & Silva Advocacia
Artigo revisado por advogados especialistas do escritório Galvão & Silva Advocacia. Inscrita no CNPJ 22.889.244/0001-00 e Registro OAB/DF 2609/15. Conheça nossos autores.














