Quebras de Sigilo Médico: Orientações para Clínicas

Como Lidar com Quebras de Sigilo Médico: Orientações para Clínicas

23/10/2023

9 min de leitura

Atualizado em

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Quebra de sigilo médico ocorre quando informações confidenciais do paciente são reveladas sem consentimento, exceto em situações legais, como risco à vida, proteção de terceiros ou ordem judicial. O objetivo é equilibrar a privacidade com o interesse público e a justiça.

As quebras de sigilo médico representam uma violação grave da confidencialidade e privacidade dos pacientes, onde informações médicas são divulgadas ou acessadas sem a devida autorização. 

Lidar com essas situações de maneira ética, responsável e legal é de extrema importância para garantir a integridade do relacionamento médico-paciente e cumprir as normativas regulatórias. 

Neste contexto, é fundamental que as clínicas estejam preparadas para enfrentar e prevenir incidentes de quebra de sigilo médico, implementando práticas e políticas adequadas. Este texto oferecerá orientações valiosas sobre como lidar com esse desafio de forma ética e eficaz.

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Qual é a legislação que fala sobre o sigilo médico?

No Brasil, o sigilo médico é garantido por várias leis e normas que asseguram a confidencialidade das informações de saúde dos pacientes. O Código de Ética Médica (CEM), em seu Capítulo IX, estabelece que o sigilo profissional é uma obrigação do médico, com poucas exceções previstas.

Além disso, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), aprovada em 2018, regulamenta o tratamento de dados pessoais, incluindo informações médicas, reforçando a proteção e o cuidado na manipulação desses dados.

Quando se trata de exames ocupacionais, os resultados só podem ser compartilhados em situações específicas, como quando há risco à saúde do trabalhador ou da comunidade. O direito ao sigilo também é garantido pela Constituição Federal, no artigo 5º, inciso XIV, que protege a privacidade do cidadão.

A violação do sigilo médico é considerada crime, punível conforme o artigo 154 do Código Penal. Nem mesmo em casos como falecimento, depoimento do médico como testemunha ou investigações criminais a quebra de sigilo é automaticamente permitida. A violação pode resultar em penalidades severas, como multas e até detenção, além de punições éticas e administrativas para o profissional.

Quais são as definições e tipos de quebras de sigilo médico que uma clínica pode enfrentar? 

A quebra de sigilo médico é uma violação grave da privacidade e da confidencialidade das informações de saúde dos pacientes, ocorrendo quando dados são acessados ou divulgados sem autorização. Existem diferentes formas de quebra de sigilo que uma clínica pode enfrentar, cada uma representando riscos significativos para a segurança dos dados e a confiança entre paciente e profissional.

O acesso não autorizado por pessoal sem permissão é uma das formas mais comuns. Isso acontece quando indivíduos que não fazem parte da equipe de saúde, ou mesmo colaboradores sem permissão específica, acessam informações médicas de forma indevida. Outro tipo frequente é a divulgação não autorizada, em que informações são compartilhadas com pessoas ou entidades sem o consentimento do paciente.

O acesso indevido a registros eletrônicos tornou-se uma preocupação crescente na era digital, uma vez que a manipulação inadequada dos prontuários eletrônicos pode comprometer dados sensíveis. Além disso, pode haver compartilhamento inapropriado entre profissionais, quando dados de saúde são trocados entre médicos ou outros profissionais sem uma justificativa clínica válida.

Outro tipo de violação é o vazamento de informações durante a comunicação, quando dados confidenciais são expostos acidentalmente em conversas ou transmissões de dados, como por telefone ou e-mail. A perda ou furto de dispositivos que contenham registros médicos também representa uma ameaça, colocando em risco informações sensíveis se esses dispositivos forem extraviados ou roubados.

A clínica também pode enfrentar violação de segurança por ataques de hackers, quando indivíduos mal-intencionados invadem os sistemas de informação para acessar dados de saúde. Além disso, há situações em que um profissional de saúde excede sua autorização de acesso, visualizando informações além de sua competência, seja intencionalmente ou por erro.

Essas violações demonstram a necessidade de medidas preventivas rigorosas, como o uso de tecnologias seguras, treinamentos constantes e políticas claras de acesso. Assim, é possível garantir a privacidade dos pacientes e reforçar a ética e a confiança no ambiente médico.

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Quais são as diretrizes do sigilo médico?

O sigilo médico assegura que todas as informações compartilhadas pelo paciente durante uma consulta, exame, procedimento ou tratamento sejam tratadas com absoluta confidencialidade. O profissional de saúde tem a obrigação ética e legal de manter essas informações em segredo, sem divulgá-las ou comentá-las com terceiros, salvo em situações específicas previstas por lei.

Por exemplo, imagine que um paciente diagnosticado com uma doença terminal revele ao médico que ainda não conseguiu compartilhar o diagnóstico com a família.

Embora o apoio familiar seja essencial para o tratamento, o médico não pode divulgar essa informação sem o consentimento do paciente. Mesmo em tarefas administrativas, como o arquivamento de prontuários, qualquer exposição indevida pode gerar consequências graves.

Suponha que a recepcionista, ao guardar o prontuário, leia acidentalmente o diagnóstico e, dias depois, encontre a esposa do paciente em um local público e comente sobre a situação. Esse ato, ainda que não intencional, configura uma violação do sigilo médico, podendo causar sofrimento emocional ao paciente e conflitos familiares irreparáveis.

Portanto, o sigilo profissional assegura que todas as informações coletadas durante o atendimento sejam utilizadas apenas para fins clínicos e permaneçam restritas ao contexto médico. 

Essa confidencialidade é fundamental para criar um vínculo de confiança entre médico e paciente, garantindo que o paciente se sinta seguro para compartilhar detalhes importantes sobre sua saúde, essenciais para um diagnóstico e tratamento eficaz.

Procedimentos adequados para prevenir quebras de sigilo médico em uma clínica

Para garantir a segurança e confidencialidade das informações médicas dos pacientes, as clínicas devem adotar procedimentos rigorosos que previnam violações de sigilo médico, como:

Educação e Treinamento Contínuos: Investir na capacitação constante de todos os colaboradores é essencial. Treinamentos periódicos sobre a legislação de sigilo médico, políticas de privacidade e segurança da informação devem ser realizados para garantir que a equipe compreenda a importância da confidencialidade dos dados e as consequências de violações.

Gestão de Acessos: Implementar um sistema rigoroso de controle de acesso que restrinja o uso de informações confidenciais apenas a profissionais autorizados. Isso inclui o uso de autenticação multifator, acesso segmentado conforme a função e auditorias frequentes para monitorar quem acessa quais dados.

Segurança de TI e Sistemas Atualizados: Garantir que todos os sistemas utilizados na clínica estejam equipados com medidas de segurança avançadas, como criptografia de dados e firewall robustos. Além disso, manter softwares e sistemas operacionais atualizados é essencial para prevenir vulnerabilidades exploráveis por ataques cibernéticos.

Descarte Seguro de Documentos: Para evitar a exposição indevida de informações em documentos físicos, é necessário estabelecer protocolos para o armazenamento e descarte adequados, como a utilização de fragmentadoras de papel e eliminação segura de arquivos.

Conscientização Contínua: Promover uma cultura de conscientização permanente sobre a importância do sigilo médico e segurança da informação, com campanhas regulares e atualizações sobre novas ameaças e procedimentos.

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Como uma clínica deve responder a uma quebra de sigilo médico quando ela ocorre?

Quando uma quebra de sigilo médico ocorre, a resposta da clínica deve ser rápida e alinhada com as melhores práticas éticas e legais para minimizar os danos e preservar a confiança dos pacientes. Os principais passos incluem:

Identificação e Contenção do Incidente: Assim que detectada a violação, a clínica deve isolar imediatamente as informações comprometidas para evitar que o problema se amplie. Uma equipe interna de resposta deve ser acionada para investigar o ocorrido, identificar a origem da violação e tomar as primeiras medidas corretivas.

Notificação das Autoridades Competentes: Seguir os regulamentos legais sobre a notificação de violações é essencial. A clínica deve comunicar imediatamente às autoridades regulatórias, conforme exigido pela legislação aplicável, para garantir conformidade e evitar penalidades.

Notificação dos Pacientes Afetados: A transparência com os pacientes é fundamental. Comunicar de forma clara, empática e imediata aqueles cujas informações foram comprometidas, detalhando o que aconteceu, os dados envolvidos e as ações adotadas para resolver a situação. É importante oferecer orientações sobre como o paciente pode proteger suas informações e tranquilizá-lo quanto às medidas preventivas futuras.

Ações Disciplinares e Corretivas: Caso a violação tenha ocorrido devido a falha humana, a clínica deve adotar medidas disciplinares proporcionais, que podem incluir advertências, suspensão ou até demissão dos responsáveis. Simultaneamente, devem ser implementadas melhorias nos processos para corrigir as falhas que possibilitaram a violação.

Em quais situações o médico pode violar o sigilo?

Existem algumas situações em que o sigilo médico pode ser violado. Essas exceções são especificadas pela lei e ocorrem quando a vida, a segurança ou o bem-estar do paciente ou de terceiros estão em risco. Exceções ao sigilo médico: 

  • Risco à Vida;
  • Abuso ou Exploração Sexual; 
  • Doenças de Notificação Compulsória;
  • Ordem Judicia;
  • Consentimento do Paciente; 

Existem regras e detalhes que devem ser cuidadosamente considerados para cada uma dessas exceções. 

Quais são as exceções para o sigilo profissional do médico?

Risco à vida de terceiros, ordem judicial, doenças de notificação compulsória e situações de violência.

O que pode ser considerado quebra de sigilo profissional?

Divulgar informações do paciente sem consentimento, exceto nas exceções previstas em lei.

Em qual das situações o médico é legalmente obrigado a quebrar o sigilo médico?

Doenças de notificação compulsória e ordem judicial.

Em quais casos o médico pode quebrar o sigilo do diagnóstico do paciente?

Consentimento do paciente, risco iminente à saúde pública, crimes envolvendo o paciente e por necessidade de proteger terceiros.

Precisando de um Advogado Especialista em sua causa?Somos o escritório certo para te atender.

Conclusão

Interessado em fortalecer a segurança das informações médicas e prevenir quebras de sigilo em sua clínica? Entre em contato conosco e agende uma consultoria especializada com o escritório Galvão & Silva.

Estamos aqui para ajudar a garantir a integridade dos dados e a conformidade com as regulamentações, promovendo confiança e segurança para sua clínica e seus pacientes. Juntos, podemos construir um ambiente mais seguro e protegido contra quebras de sigilo médico. dos dados e a conformidade com as regulamentações, promovendo confiança e segurança para sua clínica e seus pacientes. Juntos, podemos construir um ambiente mais seguro e protegido contra quebras de sigilo médico.

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Autor
Galvão & Silva Advocacia

Artigo escrito por advogados especialistas do escritório Galvão & Silva Advocacia. Inscrita no CNPJ 22.889.244/0001-00 e Registro OAB/DF 2609/15. Conheça nossos autores.

Revisor
Daniel Ângelo Luiz da Silva

Advogado sócio fundador do escritório Galvão & Silva Advocacia, formado pela Universidade Processus em Brasília inscrito na OAB/DF sob o número 54.608, professor, escritor e palestrante de diversos temas relacionado ao direito brasileiro.

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