
Publicado em: 05/09/2025
Atualizado em:
O trânsito em julgado é o momento em que uma decisão judicial se torna definitiva, não podendo mais ser modificada por recursos. A partir daí, ela produz efeitos imediatos e concretos na vida das partes envolvidas no processo.
Mesmo com uma decisão favorável ou desfavorável, muitos não sabem quando ela se torna imutável e o que pode acontecer a partir disso. Esse desconhecimento pode gerar riscos patrimoniais, perda de prazos e até mesmo execuções indevidas.
Entender o trânsito em julgado é essencial para garantir seus direitos, agir no tempo correto e, se for o caso, iniciar medidas como cumprimento de sentença ou até ação rescisória, nos casos previstos pela legislação.
Você perdeu o prazo para recorrer? Entenda o impacto do trânsito em julgado
O fim do prazo recursal dá início aos efeitos do trânsito em julgado. Caso a parte interessada não se manifeste dentro do prazo legal, a decisão se torna definitiva, com consequências imediatas e, muitas vezes, severas.
Essa situação pode resultar em:
- Execução judicial do valor devido: quando a pessoa condenada não paga o que foi decidido na sentença, o credor pode pedir à Justiça que cobre o valor por meio de um novo processo chamado cumprimento de sentença;
- Bloqueio de contas e ativos financeiros: a justiça pode determinar o bloqueio de saldos bancários, aplicações ou outros ativos via sistemas como o BacenJud, garantindo a satisfação do crédito;
- Penhora de bens móveis ou imóveis: caso não haja saldo em conta, o juiz pode autorizar a penhora de veículos, imóveis ou bens pessoais do devedor para assegurar o cumprimento da obrigação;
- Imposição de obrigações judiciais específicas: além de valores, o trânsito em julgado pode obrigar o cumprimento de cláusulas contratuais, entrega de bens, indenizações ou outras obrigações determinadas na sentença.
Por isso, acompanhar o processo com atenção é indispensável. A perda de prazos pode encerrar qualquer possibilidade de recurso ou defesa, mesmo diante de decisões que apresentem erros, omissões ou injustiças evidentes.
Ainda que a decisão tenha transitado em julgado, existem medidas judiciais específicas que podem ser adotadas, como a impugnação à execução ou, em hipóteses mais restritas, a ação rescisória. Para avaliar a viabilidade e garantir uma atuação técnica eficaz, é essencial buscar o suporte de um advogado especializado na área.
Qual a diferença entre decisão transitada em julgado e decisão recorrível?
Uma decisão recorrível ainda pode ser modificada por meio de recursos como apelação, embargos ou agravos, dentro dos prazos legais.
Entender essa diferença é essencial para avaliar se ainda é possível contestar uma decisão ou se restam apenas medidas excepcionais, como a ação rescisória.
Com isso, analise o gráfico a seguir demonstrando as diferenças entre estas:
Critério | Decisão Recorrível | Decisão Transitada em Julgado |
Possibilidade de recurso | Sim | Não |
Estágio do processo | Ainda em curso | Processo encerrado judicialmente |
Alteração da decisão | Pode ser modificada por instância superior | Não pode ser modificada no mesmo processo |
Medidas possíveis | Interposição de recurso | Apenas ação rescisória em casos excepcionais (art. 966, CPC) |
Efeitos jurídicos | Parciais, não definitivos | Definitivos, com força de coisa julgada |
Compreender a diferença entre decisão recorrível e decisão transitada em julgado é essencial para agir corretamente no processo. Confundir esses momentos pode resultar em perda de prazos, cobranças indevidas e estratégias mal orientadas.
A análise jurídica precisa, feita com base na fase correta do processo, é indispensável para evitar prejuízos.
Ela permite identificar se ainda há possibilidade de recurso ou se a decisão já é definitiva. Com esse entendimento, é possível adotar medidas eficazes, como recorrer ou executar a sentença. Agir com orientação técnica evita erros irreversíveis.
O prazo acabou e você não recorreu? Veja o que acontece após o trânsito em julgado
Cada decisão judicial possui um prazo específico para apresentação de recurso. Em regra, a parte interessada tem 15 dias úteis para recorrer de uma sentença, contados a partir da intimação.
Já decisões interlocutórias, como tutelas provisórias ou indeferimentos parciais, podem ter prazos menores, como 5 dias úteis, a depender do recurso cabível. Abaixo, listamos os principais prazos recursais para ajudar na compreensão do funcionamento do processo:
- Apelação (contra sentença): prazo de 15 dias úteis após a intimação para recorrer de uma sentença que encerra o processo;
- Embargos de declaração: prazo de 5 dias úteis para esclarecer omissões, contradições ou obscuridades na decisão;
- Agravo de instrumento: prazo de 15 dias úteis para recorrer de decisões tomadas durante o andamento do processo;
- Recurso especial ou extraordinário: prazo de 15 dias úteis após o acórdão da segunda instância, para levar o caso ao STJ ou STF;
- Recurso adesivo: prazo de 15 dias úteis, desde que a outra parte tenha recorrido antes;
Todos os prazos são contados em dias úteis, excluindo sábados, domingos e feriados, conforme estabelece o art. 219 do Código de Processo Civil.
Entretanto, durante a fase de execução da sentença, ainda é possível apresentar impugnações e recursos específicos, como impugnação ao cumprimento de sentença ou agravo de instrumento, para contestar aspectos formais, valores ou abusos na execução.
Se você está em dúvida sobre prazos, recursos ou medidas cabíveis na execução, busque orientação jurídica especializada o quanto antes. A atuação precisa evitar perdas irreversíveis e garantir o cumprimento justo da decisão judicial.
É possível reverter uma decisão já transitada em julgado? Veja as exceções
Embora o trânsito em julgado torne a decisão imutável, a lei prevê situações específicas em que ela pode ser desconstituída por meio da ação rescisória (art. 966 do CPC).
“Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I – se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II – for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
III – resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei {…}”
Casos como prova falsa, erro judicial grave ou violação clara da norma jurídica podem justificar a rescisão da sentença, desde que a ação seja proposta no prazo de 2 anos.
É um instrumento excepcional, mas necessário quando há falhas processuais sérias. O acompanhamento jurídico especializado é essencial para avaliar a viabilidade e reunir as provas exigidas.
Sua sentença transitou em julgado, mas a parte contrária ainda não cumpriu? Saiba o que fazer
Nem sempre quem vence um processo recebe de imediato o que lhe é devido. Após o trânsito em julgado, é preciso iniciar o cumprimento de sentença, conforme previsto no art. 513 do CPC.
Se a parte contrária não cumpre voluntariamente, agir rápido evita nulidades e acelera a efetivação do direito reconhecido. A orientação técnica garante o uso correto das ferramentas processuais disponíveis.
Diante disso, é fundamental entender que vencer o processo é apenas uma etapa. Para transformar a decisão judicial em resultado prático, é necessário agir com estratégia, conhecimento técnico e rapidez. Contar com o apoio de um advogado especializado faz toda a diferença na efetivação dos seus direitos.
Reviravolta judicial: sentença transitada em julgado é revertida
Em 2023, o escritório Galvão & Silva Advocacia atuou na defesa de uma empresa que havia perdido prazo recursal em uma ação de cobrança, resultando no trânsito em julgado da sentença condenatória. O cliente nos procurou diante do risco imediato de bloqueio de valores e penhora de bens.
Nossa equipe analisou minuciosamente os autos e identificou vício processual relevante que compromete a validade da decisão. Com base nisso, ingressamos com ação rescisória, fundamentada no art. 966 do Código de Processo Civil, apresentando provas documentais que demonstravam o erro.
O tribunal acolheu os argumentos da defesa e suspendeu a execução, evitando prejuízo patrimonial significativo para o cliente. Esse caso reforça a importância de contar com atuação técnica e estratégica após o trânsito em julgado, evitando injustiças e garantindo o exercício pleno do direito de defesa.
Como o escritório Galvão & Silva Advocacia pode atuar em casos com trânsito em julgado
O escritório Galvão & Silva Advocacia possui ampla experiência em demandas que envolvem o trânsito em julgado, atuando tanto na defesa de quem foi surpreendido por uma execução, quanto na garantia de cumprimento de decisões favoráveis ao cliente.
Nossas áreas de atuação abrangem o Direito Processual Civil e outras especialidades, garantindo suporte completo em recursos excepcionais, execuções de sentença e medidas estratégicas para proteger o seu patrimônio e seus direitos.
Se você busca segurança jurídica em um caso após o trânsito em julgado, entre em contato com o escritório Galvão & Silva Advocacia. Nossa equipe está preparada para avaliar sua situação e oferecer a melhor estratégia de defesa.

Daniel Ângelo Luiz da Silva
Advogado sócio fundador do escritório Galvão & Silva Advocacia, formado pela Universidade Processus em Brasília inscrito na OAB/DF sob o número 54.608, professor, escritor e palestrante de diversos temas relacionado ao direito brasileiro.
Galvão & Silva Advocacia
Artigo revisado por advogados especialistas do escritório Galvão & Silva Advocacia. Inscrita no CNPJ 22.889.244/0001-00 e Registro OAB/DF 2609/15. Conheça nossos autores.