
Publicado em: 22/08/2023
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As normas de compliance no Brasil são regras legais e éticas que visam garantir a atuação lícita e íntegra de empresas e profissionais. Incluem a Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013), LGPD (Lei nº 13.709/2018), Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei nº 9.613/1998), além de códigos específicos
A palavra compliance vem do inglês “to comply”, que significa “estar em conformidade”. No Brasil, o termo está diretamente associado à adesão de empresas às leis, normas regulatórias e padrões éticos de conduta. Na prática, é um sistema que busca prevenir e corrigir condutas inadequadas dentro de uma organização.
A necessidade de seguir as normas de compliance no Brasil cresceu significativamente após a promulgação da Lei Anticorrupção. Essa legislação trouxe a responsabilidade objetiva das empresas por atos lesivos contra a administração pública, tornando essencial a implementação de programas de integridade.
Empresas que adotam políticas de compliance não apenas evitam problemas com órgãos fiscalizadores, como também demonstram seu compromisso com a ética e a transparência. Além disso, o investimento em conformidade aumenta a credibilidade perante parceiros, investidores e clientes.
Quais são as principais normas de compliance no Brasil?
O Brasil possui uma base legal robusta que sustenta o compliance, e conhecer essas normas é fundamental para qualquer empresa que deseja atuar de forma segura.
A principal é a Lei nº 12.846/2013, que trata da responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas por atos contra a administração pública. Ela exige a implementação de programas de integridade eficazes.
Outra norma relevante é o Decreto nº 8.420/2015, que regulamenta a Lei Anticorrupção e estabelece os critérios para avaliação dos programas de compliance. Entre os elementos exigidos estão: comprometimento da alta direção, código de ética, canais de denúncia, treinamentos periódicos e ações de correção de irregularidades.
Além disso, a Lei nº 9.613/1998, sobre prevenção à lavagem de dinheiro, também impõe obrigações de compliance a instituições financeiras e empresas de diversos setores. A não observância dessas normas pode gerar penalidades severas, reforçando a importância de manter uma atuação legalmente alinhada.
Como identificar falhas de compliance e seus riscos?
Um erro comum nas organizações é subestimar os riscos relacionados à ausência de um programa de compliance bem estruturado. Muitas empresas só percebem o problema após sofrerem sanções administrativas, fiscais ou trabalhistas. A falta de políticas claras, treinamentos ou canais de denúncia são sinais de alerta.
O não cumprimento das normas de compliance no Brasil pode resultar em multas milionárias, impedimentos contratuais com o setor público, ações judiciais e até prisão de dirigentes, dependendo da gravidade dos atos. Além disso, os danos à reputação corporativa podem ser irreversíveis, afastando clientes e investidores.
Por isso, a prevenção deve ser constante. A realização de auditorias internas, treinamentos periódicos e revisão de contratos são ferramentas importantes. A atuação de um corpo jurídico experiente nesse processo, como o da equipe do escritório Galvão & Silva Advocacia, contribui diretamente para identificar vulnerabilidades e mitigar riscos.
Programas de integridade: o que a lei exige?
De acordo com o artigo 42 do Decreto nº 8.420/2015, um programa de integridade eficaz deve conter, entre outros elementos, o comprometimento da alta administração, políticas e procedimentos aplicáveis aos funcionários e terceiros, bem como canais de denúncia e medidas disciplinares.
Esses elementos são obrigatórios para empresas que desejam contratar com o poder público.
Empresas que seguem essas diretrizes conseguem reduzir a responsabilidade em caso de infrações, conforme previsto no artigo 7º da Lei nº 12.846/2013. Ou seja, um programa de compliance bem implementado pode representar uma redução significativa de penalidades em caso de processo.
É importante destacar que não existe um modelo único. Cada empresa precisa personalizar seu programa de acordo com seu porte, setor e riscos específicos. A orientação jurídica desde o início é fundamental para garantir que o programa esteja de acordo com as exigências legais e realmente funcione na prática.
Compliance trabalhista e proteção contra passivos ocultos
Um ponto frequentemente negligenciado é o compliance trabalhista. Muitas empresas enfrentam passivos ocultos decorrentes de práticas inadequadas na gestão de pessoal. A ausência de controles internos, políticas claras de conduta e registros adequados pode resultar em ações trabalhistas e autuações fiscais.
As normas de compliance no Brasil também se aplicam às relações de trabalho. Isso inclui o cumprimento da CLT, a adoção de medidas preventivas contra assédio, discriminação e jornadas irregulares. O artigo 157, inciso I, da CLT, por exemplo, determina que o empregador deve cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho.
“Art. 157 – Cabe às empresas:
I – cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;”
Investir em políticas de compliance trabalhista é uma forma de proteger a empresa contra litígios e garantir um ambiente de trabalho saudável. Uma consultoria jurídica qualificada ajuda a construir esse cenário de forma segura e eficaz.
Quais empresas são obrigadas a adotar compliance?
Embora não haja uma norma que obrigue todas as empresas a implementarem um programa de compliance, diversos setores possuem exigências específicas. Empresas que mantêm contratos com o setor público, por exemplo, precisam cumprir requisitos legais conforme a Lei nº 12.846/2013 e o Decreto nº 8.420/2015.
Além disso, instituições financeiras, seguradoras, empresas de tecnologia e saúde estão entre as que mais sofrem fiscalização regulatória. O Banco Central, a CVM e a ANS exigem práticas específicas de compliance para garantir transparência e segurança nos serviços prestados.
Mesmo empresas menores, que não atuam em setores regulados, se beneficiam da adoção das normas de compliance no Brasil. Isso porque a conformidade protege o negócio contra fraudes internas, passivos trabalhistas, sanções tributárias e danos à imagem institucional.
Como implementar um programa de compliance eficaz?
O primeiro passo é realizar um diagnóstico de riscos. É preciso entender os pontos vulneráveis da organização em termos legais, operacionais e éticos. Em seguida, cria-se um plano de ação com políticas, códigos de conduta, manuais e treinamentos personalizados conforme o perfil da empresa.
A implementação das normas de compliance no Brasil deve ser feita com o envolvimento direto da alta administração. A liderança precisa demonstrar, com atitudes, o comprometimento com a ética. Sem esse engajamento, o programa perde sua efetividade e se torna apenas um documento decorativo.
O acompanhamento jurídico nesse processo é essencial para validar as diretrizes adotadas e garantir conformidade com a legislação vigente. Em muitos casos, contar com uma equipe experiente, como a do escritório Galvão & Silva Advocacia, é o diferencial que transforma o compliance em um verdadeiro escudo contra riscos legais.
Como o escritório Galvão & Silva Advocacia utiliza o compliance como alicerce jurídico
Entender as normas de compliance no Brasil é mais do que um diferencial, é um requisito de sobrevivência para qualquer empresa que deseja crescer de forma sólida e segura. A legislação brasileira tem evoluído significativamente nesse aspecto, tornando essencial a adoção de programas de integridade e controle.
Ao longo deste artigo, procuramos apresentar de forma clara e objetiva os principais pontos sobre o compliance empresarial no Brasil, com base em leis atuais e práticas recomendadas.
Se você identificou que sua empresa pode estar vulnerável ou deseja estruturar um programa de compliance de forma correta, saiba que nossa equipe está pronta para ajudar.

Daniel Ângelo Luiz da Silva
Advogado sócio fundador do escritório Galvão & Silva Advocacia, formado pela Universidade Processus em Brasília inscrito na OAB/DF sob o número 54.608, professor, escritor e palestrante de diversos temas relacionado ao direito brasileiro.
Galvão & Silva Advocacia
Artigo revisado por advogados especialistas do escritório Galvão & Silva Advocacia. Inscrita no CNPJ 22.889.244/0001-00 e Registro OAB/DF 2609/15. Conheça nossos autores.